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    Pode esquecer George Jr., o colega rico e frouxo de Cris O’Donnell em Perfume de Mulher, e deixe ainda mais longe o travesti Rusty de Ninguém é Perfeito, que dava aulas de canto a um Robert De Niro sofrendo de paralisia. Em Capote Philip Seymour Hoffmann encarna o escritor-jornalista americano como talvez nem este mesmo fosse capaz.

    A voz chata, o jeito efeminado e nada convencional aos austeros anos cinqüenta e a vaidade, uma imensa e absurda vaidade, pontuam a figura que o diretor Bennet Miller apresenta ao público como sendo o essencial a se saber sobre aquele que na década seguinte foi aclamado como o maior escritor moderno dos Estados Unidos.
    O filme retrata o tormento vivido, e quem sabe buscado, por Truman Capote ao fazer as entrevistas e pesquisas que resultaram em À Sangue Frio, seu livro mais famoso. Almejando escrever o primeiro romance de não-ficção Capote não só inaugurou um novo gênero literário, e por tabela o Novo Jornalismo, mas também deu voz aos criminosos Richard Hickock e Perry Smith, que em 1959 assassinaram toda uma família na pacata cidade de Holcomb, interior do Kansas, ao retratar o fato também sob a ótica dos facínoras.
    Fica claro, apesar da sutiliza dos diálogos e gestos dos atores, que Truman sente-se ligado a Smith pela infância difícil e pelos abusos psicológicos sofridos ao longo da vida. Envolvido a ponto de, em determinado momento, confessar à amiga Harper Lee (autora de O Sol é para todos, contemporâneo à época do filme) que talvez estivesse apaixonado pelo seu objeto de estudo.
    Com paisagens frias e tristes o filme consolida seu tom contido, onde todos os desfechos ficam por conta da imaginação do espectador. E não se surpreenda se não puder imaginar muito, porque a reserva dos personagens é tão latente que nem mesmo divagar sobre suas personalidades é possível.
    Dizem alguns que uma certa relação homossexual entre os assassinos foi omitida, talvez sim. Alguns diálogos entre Smith, já no corredor da morte, e Capote seriam justificados se isso fosse verdade. E mais, os assassinatos, resultado de um assalto mal sucedido, seriam também fruto de uma acalorada discussão entre os amantes.
    Se assim foi, não houve nada de frio naqueles crimes, mas sim na sagacidade de Capote ao colocar sua frágil sanidade em jogo para relatá-los.
    Detalhe: Philip Seymour Hoffmann levou o Oscar, O Globo de Ouro e o BAFTA.

    Ana Paula, a Irmã.

    Releituras musicais

    Deve ser tentador pra quem toca, tocar seus ídolos. Mais tentador ainda deve ser querer ser, de alguma forma “parceiro” deste ídolo, ou, pior ainda, querer “contribuir” de alguma maneira em alguma canção. Sou um conservador - musicalmente falando - assumido. E me explico. Conheço pouquíssimos casos de regravações que funcionaram bem. Mas conheço inúmeros exemplos de infelicidade nestas tentativas de releituras. Acabo de ouvir no rádio uma gravação de Peito Vazio, do Cartola e Élton Medeiros, cantada por uma moça – não sei mesmo quem é – com uma bela voz, um bom piano e tudo o mais. Não quero dar razão ao antigo ministro, dizendo que algumas coisas são “imexíveis”, mas o que não se pode é deslocar a obra. Peito Vazio é de uma dor profunda, de uma singeleza e rusticidade elaborada que só o violão do Cartola pode contemplar.

    Não se pode desprover de sentimento uma obra como essa, deixá-la profilática como se fosse uma estante sem poeira e com belos quadros de parentes. Algumas coisas não precisam de verniz. Paulinho da viola só falta por gravata pra cantar “As rosas não falam”. E demorou anos até ter coragem de apresentá-la em público. Quando se escuta Paulinho da Viola tocando “As rosas...” se nota ainda o respeito, e o embargo na sua voz ao cantar. Celso Blues Boy também gravou “As Rosas...”. Fez uma versão blues, é claro. Ficou longe da original, mas não perdeu o sentido da música, não perdeu a dor e nem a emoção. Não foi polida a canção. Essa música foi gravada por um monte de gente. Fagner, Altemar Dutra, Alcione, Ney Matogrosso, Luciana Mello, Gal Costa, Nelson Gonçalves, Beth Carvalho e como a música é boa a Simone deve ter gravado pra deixá-la ruim do seu modo. Mas eu não ouvi, ainda bem.

    Vou voltar ao tema.
    Abraço, Gurizada!

    Dançando na Chuva

    Renato mora em uma pensão no centro da cidade. Toca piano pra ganhar a vida. Toca bem, é talentoso. Quando fecha o bar do hotel onde trabalha, geralmente vai com Fred, porteiro do hotel, jogar sinuca e beber mais um pouco. Fred é grande, lento e intelectual. Gosta de citar Kierkeegard e Kant. Gosta de dizer que filosofia mesmo se fez na Alemanha e o resto é literatura. Mas não diz isso pra todo mundo. Renato às vezes sai sozinho. Deixa a gravata e o casaco no vestiário dos funcionários do hotel e sai. Gosta de caminhar com o sol amanhecendo. A sensação de estar indo pra mais uns drinques enquanto todos estão indo pro trabalho lhe revigora. Também lhe agrada a idéia de ganhar dinheiro de algum bêbado no jogo de sinuca. Agrada mais ainda se quem perde no jogo quer brigar.

    Aprendeu piano com o marido da mãe, que depois do acidente nunca mais tocou. Mesmo quando a mãe saiu de casa ele continuou lá. Gostava de Alfredo. Só saiu quando foi morar em Taquaruçu, interior de Goiás. Foi lá que aprendeu a jogar. Ficou lá por dez anos, escondido. Alfredo foi quem lhe arrumou os documentos falsos, algum dinheiro e um local pra ir depois que chegou com a roupa suja de sangue e um revólver no bolso do casaco. Quando voltou o apartamento continuava igual, o piano no mesmo lugar. Limpo e intocado. Alfredo o recebeu bem, mas achou melhor não voltar a morar ali. Visitava-o com freqüência. Alfredo gostava de lhe ouvir tocando, fechava os olhos como para ver os acordes pela sala. “The lunatic is in the hall. The paper holds their folded faces to the floor, And every day the paper boy brings more.”(*)

    Fred não quer ir beber nem jogar com Renato. Diz que a moral é relativa, o homem nasce bom, a sociedade é má e precisa ir pra casa ver a família. Renato não pensa em família nem na sociedade. Nem no piano mais, agora é um trabalho como qualquer outro. Pensa na sinuca e em quem perde. Ganha o jogo, ganha força, ganha a briga, ganha as ruas e só tem tempo de meter as mãos ensangüentadas no bolso antes de que quem viu a luta perceba que o corpo no chão não se mexe mais.

    Sem ter pra onde ir, sem Alfredo, sem futuro e com sol alto entra em um bar, pede um uísque e com as mãos sujas acende um cigarro e se deixa esperar a polícia. Enquanto espera pensa que podia estar tocando para Alfredo. “You lock the door, and throw away the key, There's someone in my head but it's not me.” (**)

    Deitado, os olhos abertos apesar das luzes todas apagadas, Renato pensa que, bem comportado como é, em no máximo dez anos poderá estar jogando sinuca novamente. Depois do jogo passará em casa parar lavar as mãos e pegar o cachorro. Pode ser que ainda lembre de Alfredo e corra enquanto o dia amanhece e mesmo com as nuvens no céu vai poder ver a sua sombra dançando na chuva enquanto o dia amanhece e as pessoas vão pro trabalho. Pode ser que lembre dos acordes e então cante: “And if the band you're in starts playing different tunes, I'll see you on the dark side of the moon.” (***)

    Luiz Müller

    (*) O lunático esta na sala, os jornais ficam virados pro chão, e todo dia o entregador de jornal traz mais.
    (**) Você tranca a porta, e joga fora a chave, há alguém na minha cabeça mas não sou eu.
    (***) E se a banda que você está começa a tocar diferentes melodias eu verei você no lado escuro da lua.
    (*) Trechos da canção Brain Damage, de Roger Waters, do álbum The Dark Side of the Moon.

    Desagravo Gastronômico



    Recebi nos últimos dias dois ataques contra a batata – a inocente e prosaica batata - que considero ataque pessoal. Um é aquela conversa antiga, aquela cantilena chata, de que tudo que se faz com batata se faz melhor com aipim. Outro é que a batata é um carboidrato vazio.
    Por partes.
    O aipim, pra começar, não tem nem personalidade. É conhecida como mandioca, macaxera, macaxeira. Sem falar nas suas versões “braba”, a mandioca braba pode ser venenosa, levando até mesmo, em casos mais extremados, se não cozido direito, à morte.
    A batata, além de ter só um nome, não mata ninguém. Pelo contrário. Quando o indivíduo está doentinho anda mais recomendável que um inocente purê de batatas. Certo, tem a batata-doce, mas aí é um parente. Muito simpático, por sinal.
    O aipim, esse angiosperma que chega sempre cheio de terra na casa da gente, além de tudo, tem aqueles fiapos complicadores. E descascar o aipim então??
    Não é de estranhar que nenhum restaurante tenha em seu cardápio “Filé com aipins”. Imagine aquele cestinho do Mcdonalds com aipim frito. E assistir um filme tomando uma coca-cola e comendo um saquinho de "aipim chips"?
    E “carboidrato vazio”. Ora, ora. Não basta todo o sabor, alegria, simplicidade, facilidade, felicidade que a batata proporciona ainda tem que ter compromisso com as nutricionistas. Aí é querer demais.
    A batata também se fermentada adequadamente faz uma vodca de boa qualidade. Quando a Europa foi assolada pela fome, quem saciou a fome do velho mundo? A batata. matando fome e sede.
    O certo é que posso dizer que até mesmo Machado de Assis e Van Gogh (o quadro que ilustra esse texto "Os Comedores de Batata" é de Vincent Van Gogh, de 1885, óleo sobre tela, e está no museu de Amsterdã) estão do meu lado:
    "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas".
    Quero ver algum defensor do aipim ou detrator da batata achar aipim na literatura.

    Ame-o ou odeie-o. Mas veja-o.

    John Wilmot não aceitaria meios-termos. É por isso que ou se ama ou se odeia “O Libertino”, do diretor estreante Laurence Dunmore, produzido por John Malkovich (que também faz uma pontinha como o Rei Carlos II) e protagonizado por Johnny Depp.


    Ambientado durante a Restauração Inglesa, nos idos de 1670, o filme acompanha as últimas peripécias de John Wilmot, Segundo Conde de Rochester, poeta e escritor britânico nada afeito às conveniências de seu tempo.

    Filmado sem nenhuma grande técnica digital, e sim com as câmeras nos ombros dos cinegrafistas, as imagens parecem ainda mais reais e angustiantes, tal é a proximidade com os atores e os cenários. Cenários esses basicamente compostos por ruas imundas, teatros lúgubres e tavernas empoeiradas.

    Apesar de muitos historiadores alegarem que vários aspectos da personalidade de Wilmot foram abrandados, como seus interesses homossexuais, enquanto outros teriam sido visivelmente acentuados, vide o romance com a atriz Elizabeth Barry, que talvez nem tenha chegado a acontecer, o filme retrata o essencial de Rochester: intrigas palacianas, álcool, sexo, prisões, duelos, charlatanismo, hedonismo, exílios... Praticamente um rock star!

    O roteiro apenas peca, a certa altura, por centrar-se na empreitada de Wilmot em tornar a novata Lizzie Barry a nova sensação dos palcos Londrinos, e transforma o filme num recorrente ensaio teatral em que a diva parece apenas uma guria desamparada e indefesa. Aos que conhecem Samantha Morton (Minority Report) de outros Carnavais, sabem que ela sempre confere esse tipo de imagem às suas personagens.

    De qualquer forma, o filme atende às expectativas, mesmo agradando a uns poucos mais afeitos a complexidades. Muito por conta de Johnny Depp, competente o bastante , como sempre, para não deixar esmorecer por um segundo sequer o ar cínico do personagem, conferindo-lhe um ar de anti-herói incompreendido e autêntico, que no monólogo inicial já avisa: “não gostarão de mim”.
    Caso queria ver o trailer clique aqui.
    p Ana Paula, a irmã.

    CENTO E VINTE

    Sei que cinema aqui não é bem da minha alçada. Mas tese vale. E preciso registrar esse desabafo.
    Eu estou enfrentando mais uma solitária cruzada. Mais uma cruzada solitária. Não vejo entusiasmo de ninguém quando falo que nenhum filme – nenhum – precisa ter mais do que 120 minutos. As grandes histórias são contadas em menos tempo. Não precisam deste tempo todo pra dizer alguma coisa. Normalmente quando passa desse tempo o que excede é tiroteio, espadadas, etc. Mas, que fazer, tem gente que curte explosão (só isso) no cinema...
    Já fui acusado de preguiçoso por tal afirmação. Mas, ora, o que mais gosta um preguiçoso senão ficar sentado dentro do cinema? Ou na frente da TV?
    Não é só saudosismo do tempo em que não se precisava consultar o horário dos filmes, era sempre 14h, 16h, 18h... Que beleza!
    Abaixo o tempão no cinema! Abaixo a explosão!
    E só pra constar, o maior filme de todos os tempos tem 103 minutos. Casablanca.
    Abraço, gurizada!

    Na prateleira errada: JOHNNY E JUNE

    Relegado à prateleira das comédias românticas por conta do título nacional, Johnny e June (lá, Wlak the Line), deixa de ganhar os fãs e os créditos que a cinebiografia de um astro do rock (Ou do folk rock? Ou country?) merece.


    Seguindo a linha cronológica tradicional, melhor apostar no certo do que arriscar cair no escracho, o forte do filme de James Mangold (Garota Interrompida) fica por conta da performance dos protagonistas. Joaquin Phoenix e Reese Witerspoon incorporaram Johnny Cash e June Carter de forma a serem esses os papéis de suas vidas. Reese, a nova queridinha da América, ainda levou de lambuja o Oscar de Melhor atriz pela atuação.

    Clássicos da dupla, como “Ring of Fire”, “Wildwood flower” e “I Walk the line” – que dá nome ao filme – são interpretados pelos próprios atores, que suaram a camisa em aulas de música, canto e fonoaudiologia. Parênteses: o CD com a trilha sonora vale o investimento.

    Dosadas estão a infância tumultuada, a passagem pela Força Aérea, as dificuldades no casamento, a descoberta por Sam Phillips (sim, o da Sun Records), as turnês com Elvis, Jerry Lee “The Killer” Lewis, Carl Perkins e Roy Orbinson, as crises por conta do vício em barbitúricos e, claro, a história de amor com a parceira e amiga June Carter.

    Parênteses dois: os fãs mais extremistas vão gostar de identificar à primeira vista toda essa turma aí.

    Vale elogiar ainda a atuação de Robert Patrick (o eterno T-1000) como o pai insuportavelmente desprezível de J.R Cash, o figurino impecável e as referências musicais à Dylan e ao advento da guitarra elétrica.

    Baseado nas auto-biografias de Cash, e produzido por Johnny Carter Cash, seu filho com June, o filme serve a todos: aos loucos por música e aos loucos de amor.
    Ana Paula, a Irmã

    APRESENTANDO DOIS

    A coisa tá se agigantando. Semana passada foi Alabama, agora ANA PAULA. Por mim chamada prosaicamente de irmã. Razão disto mais óbvia impossível: é minha irmã.
    E ela está aqui por alguns tantos motivos. Um deles está no primeiro post deste blog: é pra ela que eu sempre peço “um help”. Outro é que ela vê filmes. Muitos filmes. Todo tipo de filmes. Incansavelmente. Gosta disso. E entende disso. Então escreverá aqui sobre isso: cinema, dvds, filmes, enfim. Alabama Brothers orgulhosamente apresenta: ANA PAULA, a irmã.

    Cartola - Música para os olhos

    Cartola - Música para os olhos


    Como já falei sobre esse filme no PAUTA EXTRA, não quis colocar na parte de cinema, mas aqui ainda não consta nada de Cartola. Então vale o destaque pro documentário de Lírio Ferreira (que também fez o ótimo Árido Movie) sobre Angenor de Oliveira – Cartola. Depoimentos de parceiros, interpretações do próprio Cartola, seu cotidiano, processo criativo.

    Bom pra quem gosta de Cartola, pra quem gosta de música e pra quem gosta de história.. Este é um registro pequeno pra um grande filme. Vou voltara falar nisso. Na seção de vídeos ai embaixo, revezando com Jerry Lee, tem Cartola interpretando Peito Vazio no programa Ensaio da TV Cultura.

    THE RAVEN - O Corvo - Edgar Allan Poe


    Não dá pra ler tudo no PAUTA EXTRA, mas valia. A tradução deste é de Fernando Pessoa. Existe uma tradução em prosa. Mas poesia é poesia:


    O CORVO
    (de Edgar Allan Poe)

    Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
    Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
    E já quase adormecia, ouvi o que parecia
    O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
    "Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.


    É só isto, e nada mais."
    Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
    E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
    Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
    P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
    Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
    Mas sem nome aqui jamais!

    Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
    Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
    Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
    "É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
    Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.


    É só isto, e nada mais".
    E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
    "Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
    Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
    Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
    Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.


    Noite, noite e nada mais.
    A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
    Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
    Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
    E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
    Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.

    Isso só e nada mais.
    Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
    Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
    "Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
    Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
    Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.


    "É o vento, e nada mais."
    Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
    Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
    Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
    Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
    Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,


    Foi, pousou, e nada mais.
    E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
    Com o solene decoro de seus ares rituais.
    "Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
    Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
    Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."


    Disse o corvo, "Nunca mais".
    Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
    Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
    Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
    Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
    Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,


    Com o nome "Nunca mais".
    Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
    Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
    Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
    Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
    Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".


    Disse o corvo, "Nunca mais".
    A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
    "Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
    Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
    Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
    E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais


    Era este "Nunca mais".
    Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
    Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
    E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
    Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
    Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,


    Com aquele "Nunca mais".
    Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
    À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
    Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
    No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
    Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,


    Reclinar-se-á nunca mais!
    Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
    Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
    "Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
    O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
    O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"


    Disse o corvo, "Nunca mais".
    "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
    Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
    A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
    A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
    Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!


    Disse o corvo, "Nunca mais".
    "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
    Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
    Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
    Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
    Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"


    Disse o corvo, "Nunca mais".
    "Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
    Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
    Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
    Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
    Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"


    Disse o corvo, "Nunca mais".
    E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
    No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
    Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
    E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,

    Libertar-se-á... nunca mais!



    Bufo & Spallanzani - trecho

    "Um escritor está sempre trabalhando, não é?", disse Orion, o maestro, sentando-se ao meu lado. Na viagem de carreta Orion me havia perguntado, depois de se apresentar, qual era a minha profissão. Quis inventar uma profissão, mas nenhuma veio à mi­nha cabeça naquela hora, e acabei dizendo que era escritor.
    "Vendo o mundo à sua volta, metendo o nariz nas coisas (sem querer ofender), apropriando-se da alma das pessoas como uma ave de rapina metafísica (sem querer ofender), escrevendo livros que ninguém lê" — ele falava movimentando as mãos no ar, co­mo um maestro sem batuta, e tentava disfarçar com um sorriso as coisas desagradáveis que dizia.
    ''Words are, of course, the most powerful drug used by mankind", eu disse.
    "De quem é isso?", perguntou o maestro.
    Neste instante entravam na varanda Roma e Vaslav e as duas irmãs, Eurídice e Suzy. Ajeitaram-se nas espreguiçadeiras tirando-as da posição em que estavam, fazendo um semicírculo.
    "Kipling", eu disse.
    "Então o escritor é uma espécie de traficante de drogas."
    "Quem que é traficante de drogas?", perguntou Suzy.
    "O escritor. Foi o que o nosso escritor aqui disse. Em tese, é claro", disse Orion.
    "A coisa que eu mais gostaria no mundo era ser escritora", disse Eurídice.
    "Não é uma coisa muito difícil", disse Orion.
    "É um ofício como qualquer outro", eu disse.
    Enquanto isso chegavam à varanda Juliana (que se demorara repetindo as compotas da sobremesa) e Carlos.
    "Fazer música é mais difícil do que fazer literatura", disse o maestro. "Empregadas domésticas escrevem livros, militares re­formados escrevem livros, todo mundo escreve livro, mendigos, políticos, atletas, adolescentes perturbados, comerciantes."
    "Ladrões e funcionários alfandegários", eu disse, pensando em Genet e Kafka.
    "Isso mesmo. O Biggs", disse o maestro, "publicou um livro."
    Lembrei-me de uma frase de Maugham — it requires intelligence to write a good novel, but not of a very high order. Real­mente, não eram poucos os meus colegas de profissão cujo nível intelectual era muito baixo, mas não ia dar essa munição ao maes­tro. Maestros cretinos também deviam existir.
    "E o vento levou foi escrito por uma dona de casa velhota, que nunca mais fez nada", disse Orion, sem disfarçar a agressividade. O que teria causado aquela hostilidade? O meu tamanho?! Isso acontece muito, os sujeitos baixinhos ficam ressentidos por que sou grande e as mulheres me acham bonito.
    "O Orion disse, na hora do almoço, que o senhor está escrevendo uma história passada aqui no Refúgio, em que nós somos os personagens", disse Juliana amavelmente, tentando talvez mudar o tom da conversa.
    "Eu o vi olhando para nós e tomando notas", disse Orion.
    "Garanto que não é sobre vocês", eu disse. Se Roma não es­tivesse ali, fitando-me com um olhar enigmático que inflamava o meu coração, eu já teria ido para o meu bangalô há muito tempo.
    "Você mostra para a gente?", perguntou Eurídice.
    "Não gosto de mostrar o livro antes de terminar."
    "Então daqui a uns três dias ele mostra' , disse Orion.
    "Você escreve um livro em três dias?", perguntou Suzy.
    "Em três dias não."
    "Quantos dias se demora para escrever um livro?", pergun­tou Carlos, que até então estava em silêncio.
    "Depende. Flaubert demorou cinco anos para escrever Madame Bovary. Trabalhando muitas horas, todos os dias, sem pa­rar um dia."
    "Aquele livrinho?", perguntou o maestro.
    Pensei em contra-atacar falando mal de Mozart, mas seria ri­dículo demais.
    "Por outro lado, Dostoievski escreveu O jogador em trinta dias", eu disse.
    "Antigamente nos saraus dava-se um mote e o poeta compu­nha na hora um poema rimado e metrificado. Imaginem se músi­ca pode ser composta assim, à minuta, como batatas fritas", disse Orion.
    "Se eu der um mote, você escreve um poema?", perguntei.
    "Um poema não digo. A mim, particularmente, a poesia não agrada. Mas um texto de prosa, não só eu, mas qualquer um aqui escreve sem dificuldade."
    "Concordo com o maestro", disse Roma, em tom de brinca­deira, "dançar também é mais difícil do que escrever. Me dá o mote que eu faço o texto." Olhou para mim como quem diz, gos­taria de vê-lo fazer um entrechat ou mesmo um simples tour en l'air. Depois olhou para Vaslav e os dois riram, divertidos.
    "Quem mais se habilita?", perguntei.
    "Não sei ortografia", disse Eurídice.
    "Isso nenhum sabe, não é? Os revisores corrigem os erros or­tográficos dos escritores", disse Orion.
    "Fica combinado que erros de português não serão levados em consideração", eu disse.
    "Não vou entrar nisso não", disse Eurídice.
    "Eu entro", disse Suzy.
    "Juliana?", perguntei.
    "Meu negócio é cantar."
    "Que também é mais difícil do que escrever", eu disse, antes que alguém o fizesse.
    "Vaslav?"
    "Nunca concorro com a minha mulher."
    "Carlos?"
    "Não, obrigado. Ao contrário de todos, eu acho escrever mui­to difícil."

    LITERATURA

    Literatura => substantivo feminino

    1 ensino das primeiras letras
    2 Rubrica: literatura.
    uso estético da linguagem escrita; arte literária
    Ex.:
    3 Rubrica: literatura.
    conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um país, época, gênero etc.
    Ex.:
    4 Derivação: por analogia.
    conjunto das obras científicas, filosóficas etc., sobre um determinado assunto, matéria ou questão; bibliografia
    Ex.:
    5 ofício, trabalho do profissional de letras
    Ex.: a l. nem sempre foi tão bem remunerada
    6 conjunto de escritores, poetas etc. que atuam no mundo das letras, numa determinada sociedade; tertúlia
    Ex.: as presenças de nossa l. em congressos internacionais
    7 disciplina escolar composta de estudos literários
    Ex.:
    8 boletim, folheto, conjunto de instruções etc. que acompanham certos produtos, para orientar o cliente ou o comprador sobre seu emprego
    9 Uso: pejorativo.
    palavreado vazio, de caráter inautêntico, artificial ou superficial
    Ex.: acreditava em uma ou duas coisas do que o outro dizia, o mais não passava de l.

    Isso é o que nos diz o Houaiss. Dito isto...
    O PAUTA EXTRA também gosta de palpitar sobre o tema. Sobre LITERATURA com todas as maiúsculas possíveis. Mas sem chateação. Não da literatura médica, ou jurídica. Da literatura do diletante.
    Vivemos uma época de glamorização do livro. Sim, do livro. Não da literatura. Mais se fala em livros, em lançamentos, do que o que eles dizem. Há gente na praça (sem trocadilho coma festejada feira que vem por aí) que eu desconfio que o dia tenha 72 horas, de tanto que lê. Deve ser esta a diferença do “vidão”, em contraponto a “vidinha” que tem quem não lê. Digo assim pra usar os termos da turma leitora. E parece que quem não gosta de ler é um ser humano de segunda categoria, um criminoso contra a humanidade. Mas isso tudo é outra conversa. E por falar na feira, é sintomático que entre os mais vendidos sempre estejam os de “pílulas de vida” e de receitas. Isso é que é uma feira cultural.
    “Ler é prazer”, dizia uma campanha institucional tempos atrás. Eu discordo. Ler é complicado, ler dá trabalho. Ler requer tempo e solidão. É muito mais tranqüilo assistir um dvd do que ler um livro. Aí o argumento, com a aquela mesma voz estridente e a mão nas cadeiras: “Mas não é a mesma coisa”. Claro que não é. No fim das contas todo mundo quer entretenimento e ouvir histórias. Cada um decide o jeito que quer conhecer a sua.
    Mas e quem escreve o que quer? Contar uma história? Ganhar dinheiro? Fazer um favor ao mundo? Segue abaixo (ou acima, já que a estrutura de blog é essa) um trecho do grande Rubem Fonseca sobre escritores. É do livro Bufo & Spallanzani. Um romance metalingüístico cujo personagem principal é um escritor.
    Sem provocação.

    GREAT BALLS OF FIRE

    Alabama Rocker me manda um mail, alarmista como sempre, sobre o filme do próximo PAUTA EXTRA, querendo empurrar a biografia de Jerry Lee Lewis. Como o filme já está escolhido, segue aqui no blog o filme referente ao seu biografado que era pra falar no PAUTA EXTRA:The Gret Balls of Fire, aqui no Brasil chamado A Fera do Rock, sobre a biografia do grande Jerry Lee.

    O Filme é muito fiel à história, destacando seu casamento com a jovem prima, aqui vivida por Winona Ryder. Jerry Lee é vivido Denis Quaid, surpreendentemente muito bem, inclusive interpretando as canções, com aprovação do Matador. Filme de 1989 que ficou apenas uma semana em cartaz em Porto Alegre. No saudoso cinema Coral. 108 minutos, tem nas locadoras, diversão garantida. Assista com volume alto.

    P.S.: À sorrelfa de nosso colunista postei alguns vídeos temporariamente disponíveis aqui no PAUTA BLOG

    ROCK GAÚCHO

    Nunca gostei muito da expressão “ROCK GAÚCHO”. Rock é rock. Há bons rocks, maus rocks. Seja ele de Porto Alegre, do Piauí, de São Paulo, Califórnia ou Londres.


    Assim como a música produzida no RS é música gaúcha. Seja o Wander Wildner ou o Noel Guarany.

    E nessa onda rotulante das músicas, lá pelas tantas se descobriu um gênero musical chamado “anos 80”. Isso não faz muito tempo.

    Eu sei que esses rótulos são, quem sabe, uma forma de catalogar as coisas de forma que fique mais fácil pra buscar na prateleira. Ou na hora de oferecer uma festa pra rapaziada. Mas é certo que se acha alguma uniformidade naquele som que vai além dos cortes de cabelo.

    E é claro que em 1980 já se tocava rock por aqui. Aliás, bem antes disso. Mas nesta década também tivemos nosso “boom”, na onda do rock nacional. Ou “brasileiro”, já que estamos segmentando. Apenas pra discutir, é bom que fique claro. E se pegarmos as coletâneas lançadas por aqui com grande recepção (rock garagem, porto alegre rock, etc) não encontramos a “sonoridade anos 80”. Nem mesmo o Rio Grande do Rock, produzido pelo selo PLUG, tem essa sonoridade.

    A saber, o selo PLUG nasceu da intenção de Tadeu Valério e Miguel Plopschi e divulgar novas bandas brasileiras. As bandas inclusas no LP acima foram Replicantes, Garotos da Rua, TNT, Engenheiros do Hawaii (única com disco lá lançado, à época, da turma) e Defalla. Também estavam nessa turma gente muito boa que não do RS, como Hojeriza (com H) e o grande trio Violeta de Outono. O selo nasceu com a RCA, depois na BMG perdeu o vigor. Leia-se investimento.

    A continuar

    JERRY LEE LEWIS por Alabama Rocker

    Caros leitores e ouvintes do pauta extra,

    Como o Luiz Muller havia comentado sobre colunistas, estarei aqui escrevendo sobre rock e rockers de todos os tempos, desde a origem até os dias atuais, sem nenhuma preocupação cronológica ou coisa que o valha.
    Chamo-me Alabama rocker e estou à disposição de vocês.
    Caríssimos, vamos ao que interessa para o primeiro papo:
    Os convido a viajar no tempo e parar no ano de 1956 em Memphis Tenesse, onde a Sun records havia vendido seu maior destaque fonográfico de então, Elvis, e estava lapidando outro artista para ocupar seu lugar nos corações e mentes de seus milhões de fãs e no book da gravadora.
    Ao invés da cintura envolvente e sedutora de Elvis Presley, Sam Philips resolve lançar um compacto de Jerry Lee Lewis. Um cantor gospel regional com técnicas de piano jamais imaginadas pelos padrões de acompanhamento musical da época. Demoníaco, impetuoso, delirante, estuprador de pianos e sedutor de adolescentes, Jerry Lee emplaca com Crazy Arms algum sucesso regional em 1957 em seu compacto de estréia.
    No ano seguinte, mexe de vez com a hipócrita sociedade americana, lançando whole lotta shaking going on. Com este hit a história foi diferente. O compacto vende quase seis milhões de cópias e confere ao temperamental Jerry Lewis, a possível sucessão de Presley.
    Mas seu grande hit foi sem dúvida, great balls of fire, um ano depois. Com esta música alcançou os primeiros lugares na bilboard americana e se credenciou para turnê nacional e internacional. Jerry estava de vez no cast dos melhores shows e programas de auditório da época.
    Jerry Lee Lewis era frenético, furioso, compulsivo ao piano, martelava as teclas até levar a platéia ao êxtase. Por vezes fazia acrobacias com o instrumento e ateava fogo ao piano. The killer, como era conhecido, mudou o cenário local, onde guitarristas eram os escolhidos pelas gravadoras para o sucesso. Com seus olhos azuis, alegria e sensualidade, Jerry encarnava o verdadeiro espírito demoníaco do rock'n'roll no que os pais americanos tinham tanto receio para suas filhas.
    Mas não adiantou, Jerry Lee Lewis lançou sucessos, acelerou o rock do Elvis e ainda conquistou milhões de adolescentes pelo território americano. Até hoje deve estar martelando as teclas e tocando para alguma garota para ver quem é mais rápido: seu rock de um minuto e cinqüenta e nove segundos ou um beijo furtivo ao sair da escola.

    p/Alabama Rocker.

    Frase célebre de Jerry Lee: "Mostre-me onde está o piano e me dê meu dinheiro, que em quinze minutos eu os farei gritar, dançar e tremer"

    APRESENTANDO UM

    Como comentei em algum lugar aí do blog, colunistas se agregam às nossas fileiras. O primeiro deles é ALABAMA ROCKER. Como seu cognome indica, versará principalmente sobre Rock. Com maiúscula. E Rock antigo, se bem conheço a fera. Rockão, como costuma dizer. Alabama Rocker gosta de contar que o Rock o tirou da sarjeta, pagou uma cerveja, um periódico e o mandou pra casa. Nas suas palavras, falando com o cigarro trêmulo entre os dedos, a voz apertada como a de Bogart depois que o avião parte para Lisboa: “O rock me salvou, Chapa”. PAUTA EXTRA orgulhosamente apresenta: ALABAMA ROCKER!

    DEUS GOOGLE

    Deus Google

    Ouvi ou li essa expressão dia desses: "Deus Google". Não sei onde nem de quem. Obviamente é uma expressão elogiosa. Mas eu não sei se isso é tão bom.
    O PAUTA EXTRA também feito com muita busca no Google. Eu uso muito o Google. Uso demais o Google e gosto muito do Google e da Internet. Digo isto porque sei que alguém já devia estar pensando: “mas ele usa o Google!”. Sim, este trecho entre parênteses é pra ser escutado com aquela voz afetada de quem diz “uma verdade”.
    Inclusive achei no Google, que o nome Google se origina do termo googol, que representa o número 1 seguido por 100 zeros. Significando a vastidão da rede.
    Mas as buscas no Google têm um problema. Vários, pode ser. Mas no momento me ocupo de um: A simplificação da resposta.
    Se o que move boa parte da produção intelectual é a curiosidade (outras partes, bem mais significativas são a vaidade, a vontade de ganhar dinheiro e de comer as pessoas. Tudo muito legítimo, eu acho), o Google resolve isso muito rapidamente. Muito rapidamente. E muito simplificadamente. Eu sei que o Google não responde nada, é somente um site de buscas. Eu sei que é possível fazer vastas e longas pesquisas na internet. Mas em boa parte das vezes essa busca funciona quase como a busca em um dicionário.
    Alguns termos, e não quero usar nenhum exemplo específico, carecem bem mais do que uma simples definição. Não são meramente conceitos. Têm origens mais do que etimológicas repercussões semânticas. Mas uma primeira busca já satisfaz.
    Não você, meu caro leitor, que faz pesquisas amplas, fartas e satisfatórias com auxílio do Google, eu sei.
    Aliás, esse é um fenômeno da internet: todo usuário é um usuário exemplar, usa a internet para busca de informações e amigos. Mas a sacanagem e a safadeza pululam na rede. Existe um termo na sociologia que define isso: todo mundo faz, sei que existe, mas eu não faço e nunca vi. Preciso procurar que termo é esse. No Google, claro. Não sou acostumado a ler sociologia.

    Começando

    Começando tudo.
    Ainda não é o início oficial do PAUTA EXTRA BLOG. Mas queria que tivesse pelo menos uma feição do que virá a ter. Em cada marcador um assunto: CINEMA, LITERATURA, INTERNET, etc.
    A idéia é que tenha alguns colunistas também. Embora eu não discorde de nenhuma idéia minha, o que é muito salutar, também é saudável ter algumas opiniões diferentes, coisas que não vejo/ouço, outros prismas.
    Então a idéia é que aqui do lado, onde diz “marcador”, seja uma espécie de índice de seção. (Já fui claro que não sei como funcionam outros blogs por aí). Trabalhamos para isso. Comentários serão, obviamente, bem recebidos.
    Ana Paula, conto contigo!!
    Luiz